Atualmente, uma das maiores preocupações dos profissionais da saúde mental é o facto da pandemia estar associada a um aumento significativo da violência doméstica. Na verdade, alguns profissionais indicam que a violência psicológica esta entre os tipos de violência com maior tendência de crescimento. Mas, afinal, o que é a violência psicológica? Como pode identificar se é uma vítima da mesma? Descubra estas e outras respostas neste artigo!

O que é a violência?

A violência corresponde ao uso intencional da força, coação ou ameaça/intimidação contra nós próprios, para outra pessoa ou grupo. Logo, pode causar lesões, morte, danos psicológicos e até perturbações de desenvolvimento. Para além disso, pode também ser um bloqueio aos principais direitos humanos, pondo mesmo em causa a integridade no agredido.

A violência psicológica pode ser verbal ou não verbal, de forma continua ou isolada.

Violência doméstica: resultados do confinamento

O departamento Europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que o número de casos de violência doméstica aumentou cerca de 60% durante o confinamento. Outra instituição, a Agência da Saúde Sexual e Reprodutiva das Nações Unidas, estima que irão ocorrer 31 milhões de novos casos de violência doméstica, caso o confinamento continue.

Quem são as vítimas de doença doméstica?

Todos podemos ser vítimas de agressão!  Ou seja, qualquer pessoa, de qualquer sexo, idade ou nível sócio-económico.

E os agressores?

Os agressores também podem ser de qualquer sexo, nível sócio- económico e académico. Aliás, pode ser um familiar, amigo(a), colega ou chefe de trabalho, companheiro(a), cuidador(a).

Como identificar a violência psicológica?

Quando uma pessoa é vítima de violência psicológica pode sentir-se sem valor, desprezada, confusa, envergonhada. Além destes sentimentos, habitualmente não consegue expressar o que está a sentir nem o que se está a passar. Para além disso, não consegue ser ela própria. Na verdade, há uma enorme tendência para a vítima mudar o seu comportamento. Isto ocorre, por norma, para que não seja rejeitada ou mesmo para evitar que o agressor(a) fique hostil e ofendido(a).

Será que é fácil detetar a violência psicológica? Não, pois esta não é totalmente explícita. Contudo, existem alguns sinais de alerta e comportamentos relacionados com a violência psicológica, tais como o agressor:

  • Intimidar, inspirar medo, assustar, ameaçar.
  • Criticar, ofender, desrespeitar e humilhar em público ou privado. Por exemplo: “vais ficar sozinho(a) na vida, ninguém vai-te querer”, “és um palerma”, “tu nunca percebes nada”, “tu não prestas para nada”.
  • Minimizar as opiniões, sentimentos e necessidades. Inclusive, exigir à vítima que pense e sinta como o agressor(a).
  • Comportamentos impulsivos e inconvenientes. Por exemplo: gritar, partir coisas ou esconder documentos/ objetos importantes para a vítima.
  • Fazer sentir culpado(a). Por exemplo: “bem-feito, isso é para que aprendas”.
  • Controlar todos os seus comportamentos, como por exemplo, perseguição ou stalking. Estes tipo de comportamentos consistem em invadir a privacidade através de mensagens ou ligações telefónicas, envio de e-mails, divulgação de boatos, vigiar os seus movimentos impulsivamente, restringindo a sua liberdade e reputação.
  • Manipular a situação. Por exemplo: fazer pensar que a vítima é o agressor, fazer duvidar do que aconteceu.
  • Utilizar os silêncios para magoar.
  • Controlar as finanças e privá-lo(a) de dinheiro.

Como saber se as crianças e jovens são vítimas de violência psicológica?

A violência psicológica para com as crianças e jovens coloca em causa a sua segurança e o seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

Que comportamentos são considerados violentos para com as crianças e jovens?

Vejamos os mais comuns. Assim, são consideradas situações de violência as circunstâncias em que os jovens são:

  • Humilhados de forma privada ou pública. Por exemplo: “tu és egoísta”, “tu não entendes”, “tu não és capaz”.
  • Ignorados ou rejeitados. Por exemplo: “a criança quer brincar ou mostrar um desenho e os pais/cuidadores ignoram”.
  • Ameaçados. Por exemplo: “vou-me embora, porque não me dás um beijo/abraço”, “vais ficar sozinho(a) se continuas a comportar-te assim”.
  • Desrespeitados com ofensas e insultos.
  • Impedidos de criar relações de amizade e conviverem, seja com crianças da sua idade, seja com familiares.
  • Presenciam violência entre os pais e familiares e são utilizados para controlar ou ameaçar um dos progenitores.

Quais os comportamentos que manifestam perante a violência psicológica?

Em consequência da violência psicológica, as crianças e jovens podem manifestar os seguintes comportamentos:

  • Perturbação do comportamento alimentar;
  • Automutilação (ato de cortar qualquer parte do próprio corpo);
  • Pensamentos suicidas;
  • Dificuldade em relacionar-se com os outros;
  • Dificuldade em controlar os esfíncteres.
Violência Psicológica

E no namoro, os jovens também podem ser vítimas de violência psicológica?

Sim, também é possível! A violência psicológica para com o(a) companheiro(a) coloca em causa a identidade e a liberdade de um dos parceiros.

Assim sendo, são comportamentos que evidenciam violência psicológica quando o:

  • Agressor exige que o parceiro(a) pense e sinta como ele;
  • Companheiro exige fotos íntimas;
  • Namorado isola o parceiro(a) dos amigos e familiares;
  • Agressor mente ao parceiro(a);
  • Namorado ameaça em terminar ou abandonar a relação.

Que comportamentos provocam no agredido?

As vítimas de violência psicológica no namoro podem manifestar os seguintes comportamentos:

  • Consumo de álcool, drogas e tabaco
  • Abandono escolar

Violência psicológica nos idosos

Infelizmente, também os idosos são vítimas de violência. Assim, são considerados comportamentos de violência psicológica as situações em que os idosos são:

  • Isolados. Por exemplo: são excluídos do convívio dos familiares.
  • Desrespeitados e humilhados. Por exemplo: insultos.
  • Ameaçados de serem institucionalizados.

Os idosos, quando são vítimas de violência psicológica, podem manifestar os seguintes comportamentos:

  • Depressão e ansiedade;
  • Confusão e angustia;
  • Vulnerabilidade;
  • Dificuldade para realizar as suas atividades diárias;
  • Comportamentos dependentes.

E no trabalho, também pode ser vítima de violência psicológica?

A violência psicológica no trabalho está relacionada com qualquer comportamento ofensivo entre colaboradores ou entre colaboradores e as chefias.

Assim sendo, são considerados comportamentos de violência psicológica no emprego as situações em que os empregadores ou colegas:

  • Criam dificuldade ao colaborador para que este realize as suas funções;
  • Gritam com o colaborador;
  • Evitam dar responsabilidades, justificando que não tem competências profissionais;
  • Criticam e avaliam negativamente, injustamente e sem argumentos que o justifiquem.

Atualmente, fala-se de mobbing, um termo inglês que faz referência à intimidação e assédio psicológico originado por um grupo de colaboradores com vista a atingir outro colaborador. Por exemplo, repetir comentários negativos, divulgar informações falsas e desencorajando qualquer contacto social com a vítima.

As consequências psicológicas de quem sofrem violência no trabalho são devastadoras! Logo, pode surgir depressão, ansiedade, nervosismo contrastante e até mesmo suicídio.

Na verdade, qualquer vítima de violência psicológica pode desenvolver ansiedade, depressão, problemas interpessoais, perturbação alimentar e pensamentos suicidas.

Se é vítima de violência psicológica, o que deve fazer?

Em primeiro lugar, procure informação através de fontes fiáveis! Procure o apoio da família e amigos. Além disso, recomendo que mantenha a calma, pratique exercícios físicos e exercícios de relaxamento. Mas, caso sinta necessidade, não hesite e procure ajuda profissional como o apoio de um psicólogo.

Indico, adicionalmente, alguns números de apoio para denunciar a violência em Portugal:

Se é vítima de violência psicológica – não permita que continue, procure ajuda! A sua saúde mental é mais importante e tanto o seu bem-estar emocional como a sua qualidade de vida devem ser uma prioridade.

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