Como entender a depressão de forma clara e simples?
A depressão é um problema de saúde mental que afeta a vida pessoal, profissional e familiar de quem padece desta condição. Logo, afeta o próprio mas também a sua família. Neste artigo veremos de forma clara e simples como a depressão afeta a vida pessoal, familiar e social do doente, os sintomas, as causas e o tratamento da depressão.
Depressão: implicações
Como já referimos, a depressão não afeta apenas o doente. Muito facilmente, os familiares mais próximos sofrem consequências devido às implicações da doença no quotidiano. Por exemplo, a depressão pode associar-se a um estado de incapacidade para realização das atividades do dia-a-dia, quer em casa, quer no trabalho. Além disso, as atividades sociais são também afetadas. É comum o doente perder o interesse e a capacidade para desfrutar e sentir prazer e há mesmo, muitas vezes, um deficit de energia. Por outro lado, a família é também afetada pois a depressão pode causar mortes prematuras por suicídio.
Depressão: sintomas
A depressão pode ser entendida em três níveis. Assim sendo, o primeiro nível caracteriza-se por sintomatologia demonstrada por um estado de ânimo deprimido ou tristeza. O segundo nível, síndrome depressivo, inclui outros sintomas de forma concomitante, como por exemplo: problemas para dormir, alteração dos hábitos alimentares, baixa autoestima, dificuldade em se focar e presença de sentimentos de culpa. Para realizar o diagnóstico deste síndrome é necessário considerar os critérios de inclusão/exclusão que são definidos nos manuais de classificação de doenças mentais. O terceiro nível, estabelece a depressão como transtorno ou perturbação, o que causa uma desorganização no funcionamento psíquico. Neste nível, estão incluídos todos os sintomas descritos nos níveis anteriores.
Portanto, a avaliação do doente deve focar-se na identificação do grau de severidade e na frequência dos sintomas. A intervenção terapêutica deve considerar não só os sintomas, mas também as consequências associadas (Vázquez et al., 2006).
Os estudos epidemiológicos mostram que a depressão tem uma elevada prevalência. Alguns dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018) indicam que a depressão é a primeira causa de invalidez a nível mundial.
A depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo as mulheres as mais afetadas. (OMS, 2018)
Causas da depressão
As causas da depressão são multifatoriais:
- biológicas
- psicológicas
- sociais
Ou seja, um conjunto de eventos biológicos, como por exemplo, doenças, dor crónica, fibromialgia, estão associadas a uma resposta depressiva.
Além destas situações patológicas, podem ser causas da depressão eventos marcantes na vida. São exemplos destes: ficar desempregado, perder um filho, etc. Mas, também há outras causas, como situações sociais stressantes (ex: vítima de sequestros ou de guerras, etc. ).

Tratamento da depressão
A depressão pode ser tratada de forma eficaz.
Existem tratamentos psicológicos e farmacológicos. É sempre aconselhável ter acompanhamento psicológico para o tratamento da depressão. A psicoterapia vai proporcionar estratégias para reduzir ou eliminar esta condição clínica.
Existe um fenómeno descrito na depressão recorrente (episódios de depressão repetidos) que é conhecido como kindling ou sensibilização. Esta situação significa que pequenos estímulos stressantes podem causar reações de grande intensidade (Kendler et al., 2000). Este facto, demonstra a importância do tratamento da depressão para evitar futuros episódios de depressão ou recaídas.
Tratamento farmacológico
O tratamento farmacológico é aconselhável como complemento do acompanhamento com psicólogo , nos casos em que o médico considera necessário ou quando os sintomas são de tal forma graves que impedem estabelecer um correto diálogo com a pessoa afetada.
Tratamento psicológico
O tratamento psicológico para tratar a depressão é efetuado através de abordagem cognitivo-comportamental. Numerosos estudos demonstram a sua eficácia (Beck, 2013).
Gostaria de saber se está a sofrer de um episódio depressivo? Então, entre em contacto para realizar a sua avaliação.
Referências
Beck, J. (2013). Terapia cognitivo-comportamental: Teoria e prática (2. ed). Porto Alegre: Artmed.
Kendler K.S., Thornton, L.M., Gardner, C.O. (2000) Stressful life events and previous episodes in the etiology of major depression in women: an evaluation of the “kindling” hypothesis. Am J Psychiatry. Aug;157(8):1243-51 doi: 10.1176/appi.ajp.157.8.1243.
Organización Mundial de la Salud (2018, março 22). Depresión. Retirado de https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/depression
Vázquez, C., Harnan Gómez, L, Hervás, G. e Nieto-Moreno, M. (2006). La evaluación de la depresión en adultos. En V. E. Caballo (Ed.) Manual para la evaluación clínica de los Trastornos Psicológicos. Trastornos de la edad adulta e informes psicológicos (pp. 89-114) Madrid, España: Ediciones Pirámide.