A psicologia e a saúde mental tem sido alvo de atenção nos últimos anos. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde (2016), a saúde mental pode ser definida como o estado mental de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades próprias, pode gerir as dificuldades normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutuosa e é capaz de prestar uma contribuição para a sua comunidade.

Por outras palavras, é a capacidade de realizar a sua vida de forma autónoma, com pensamentos, sentimentos e comportamentos positivos acerca de si próprio.

Será importante cuidarmos da nossa saúde mental? Tire as suas conclusões, leia este artigo!

Psicologia & Saúde Mental

Antes do COVID-19, as estatísticas da saúde mental eram as seguintes:

  • Estima-se que a depressão afete a mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo a depressão a primeira causa mundial de incapacidade. A depressão é mais frequente nas mulheres. A pior consequência de uma situação não acompanhada e tratada é terminar em suicídio (OMS, 2020).
  • As perturbações mentais representam 16% da carga mundial de doenças em pessoas entre 10 e 19 anos de idade.
  • Metade das perturbações mentais começam aos 14 anos de idade ou mesmo antes.
  • O suicídio é a terceira causa de morte nos jovens entre os 15 e 19 anos de idade.
  • Há aproximadamente 800.000 pessoas que se suicidam por ano.

Durante a pandemia COVID-19, o relatório da ONU – Organização das Nações Unidas – de políticas públicas sobre saúde mental, indica:

  • Aumento de depressão e ansiedade em vários países.
  • Na Etiópia os sintomas de depressão triplicaram segundo estudo realizado em abril de 2020.
  • Os profissionais de saúde na China revelam aumento da taxa de depressão (50%), de ansiedade (45%) e de insónia (34%).
  • No Canadá, 47% dos profissionais de saúde indicaram necessidade de apoio psicológico.
  • Estudos realizados em Espanha e na Itália informaram que as crianças têm dificuldade na concentração e manifestam irritabilidade e nervosismo.
  • Aumento de vulnerabilidade das crianças associado ao abuso e violência.
  • As mulheres encontram-se afetadas pela sobrecarga de trabalho doméstico e profissional.
  • Habitantes do Canadá entre os 15 e 49 anos de idade aumentaram o consumo de álcool durante a pandemia.

A OMS estima que em 2030 os problemas de saúde mental serão a principal causa de incapacidade no mundo!

Impacto da saúde mental - Será assim tão importante cuidar?

A psicologia pode ajudar nestes casos?

Sim! De seguida vou descrever alguns casos para que possa entender em que medida um psicólogo pode ajudar. É de ressalvar que todos os casos mencionados são apenas exemplos.

Ataques de pânico do Pedro

O Pedro tinha 27 anos de idade quando começou a ter ataques de pânico. Sentia dificuldade em respirar, tonturas e taquicardia – o coração batia rápido. Algumas atividades como caminhar na rua ou estar em certos lugares despertavam o coração e começava a sentir o ataque de pânico. Com o passar do tempo, com receio de voltar a acontecer decidiu evitar essas atividades e o medo começou a aumentar dia após dia. Pedro sentia vergonha de falar sobre o que sentia, até que ganhou coragem e dirigiu-se a um amigo próximo para conversar sobre o assunto. Tomou essa ação pois percebeu que a sua vida estava a mudar, negativamente, e o medo estava a apoderar-se dele, ao ponto de se sentir paralizado.

A mudança na vida de Pedro: o papel da psicoterapia

O amigo do Pedro recomendou-lhe que fosse a uma consulta de Psicologia. Durante o acompanhamento psicológico, o Pedro foi capaz de identificar em que momentos o ataque de pânico se apresentava, quais os pensamentos que estavam a afectar e desencadear os ataques de pânico. Com o psicólogo, o Pedro também aprendeu técnicas de relaxamento e outras estratégias para controlar a sua ansiedade. A pouco a pouco o Pedro foi se sentido mais confortável ao ponto de conseguir controlar a situação.

A fibromialgia da Maria

A Maria, uma mulher de 35 anos de idade, foi diagnosticada com fibromialgia. Por um lado, ficou feliz por saber do diagnóstico pois já há mais de 10 anos que sofria com dores no corpo e sempre que fazia diagnósticos era tratada como se tivesse doença psicossomática ou psiquiátrica. O pior acontecia pois o principal objetivo do tratamento era aliviar a dor, mas a causa era desconhecida. A Maria partilhava que tinha dificuldades em dormir e levantar da cama. Além disso, não conseguia realizar as suas atividades de forma autónoma, sentia ansiedade, depressão, fadiga e também dificuldades em se concentrar. Porém, a descrição da dor era descrita como intensa, formigamento, quente, ardor, etc.

Um dia, a Maria foi aconselhada ir a consulta de psicologia. E, para sua surpresa, a psicóloga revelou ser uma grande ajuda. A terapia psicológica fazia com que conseguisse expressar-se sem o sentimento de vergonha ou a possibilidade de ser criticada. Assim, identificou como seus pensamentos podiam afetar a sua condição clínica, a fibromialgia.  Em suma, durante a terapia psicológica, adquiriu algumas estratégias para aprender a viver e controlar a dor.

Controlar a dor na fibromialgia

Atualmente, não existe uma cura para a fibromialgia, mas existem sim formas de aprender a controlar a dor. No caso da Maria, adquiriu o hábito de realizar exercício físico, embora tenha custado imenso numa fase inicial porque sentia muitas dores. Contudo, após vários dias a insistir na prática de exercício físico reparou que a dor começou a aliviar. Para além disso, aprendeu também a desfrutar dos seus hobbies pois quando se concentrava em algo, a dor “desaparecia”. A sua condição clínica começou a ser aceite automaticamente e sempre que fazia a sessão de psicoterapia, sentia-se cada vez mais à vontade para falar das suas preocupações, porque sentia que as sessões a deixavam mais leve.

Em resumo, com a ajuda da psicologia a Maria foi capaz de recuperar não só a sua autonomia, como também melhorar a sua qualidade de vida.

Os migrantes – Carlos e Daniela

Carlos e Daniela, formados em ciências sociais, são um casal jovem que decidiu emigrar para Portugal. Ambos tinham um um sonho: viver num país com qualidade de vida e tranquilidade. Porém, após a sua chegada a Portugal, passados alguns dias a situação tornou-se difícil pois depararam-se com algumas dificuldades, como por exemplo, arranjar emprego. Alguns familiares e amigos que sabiam da ida do casal para Portugal, começaram a sentir-se igualmente desanimados. Logo, com a falta de apoio e orientação, a relação do casal começou a ficar tensa.  Discutiam com frequência, e começaram a ficar mais distantes um do outro… Contudo, havia um sentimento em comum, o Carlos e a Daniela não queriam desistir! Portanto, não se resignaram e decidiram procurar ajuda, sendo-lhes aconselhada uma clínica de Psicologia. Assim foi, sem perspetivas, mas aceitando a terapia psicológica e o que pudesse acontecer, que decidiram arriscar.

O resultado foi fantástico!

Como o psicólogo pode ajudar os migrantes?

O Carlos e a Daniela com o apoio das consultas de psicologia:

  • Aprenderam como procurar emprego em Portugal;
  • Conseguiram perceber a importância de identificar as suas competências;
  • Perceberam que existe a oportunidade de investigar outras áreas que possam dedicar-se a trabalhar;
  • Entenderam que os pensamentos limitadores podem afetar o sucesso de adaptação noutro país e como a diversidade cultural pode causar choques culturais.

Portanto, durante ao acompanhamento psicológico o Carlos e a Daniela conseguiram dar a volta à sua situação de forma criativa e estratégica. Para além disso, a relação do casal ficou mais fortalecida pois conseguiram aprender a comunicar melhor entre ambos e assim estabelecer empatia um com o outro.

Psicologia e saúde mental dos mais jovens

A falta de motivação para estudar dos irmãos Luís e Ana

O Luís, de 12 anos e a Ana, de 10 anos, são irmãos. No início da pandemia COVID-19, sentiram dificuldade na adaptação à nova realidade. Como as aulas passaram a ser online e o pai também passou para teletrabalho, sentiram dificuldade em lidar com o dia-a-dia. A casa era pequena e não havia espaço para brincar nem intervalos para estar com os amigos…  A mãe era farmacêutica, por isso, todos os dias ia trabalhar fora de casa. Portanto, a mãe do Luís e da Ana, embora se sentisse útil por ajudar na situação de pandemia, estava a trabalhar sob condições altamente exigentes. O medo também estava presente e fazia tudo para evitar ficar contagiada. Logo, toda esta pressão acabava por deixá-la stressada e esgotada no final dos dias de trabalho.

O que vivenciava a mãe dos dois irmãos era algo muito preocupante para a sua saúde mental pois não conseguia partilhar bons momentos com os seus filhos e ajudá-los nos trabalhos de casa.

Desorientação e falta de motivação do Luís e da Ana

Por todos os motivos anteriormente referidos, após vários dias, o Luís e a Ana começaram a sentir-se desorientados, com sintomas de ansiedade e falta de motivação para estudar. Os pais do Luís e da Ana ao perceberem a situação, decidiram procurar ajuda com uma psicóloga. A ideia dos pais seria encontrar soluções para resolver a situação dos filhos ao serem “obrigados” a ficar a maior parte do seu dia em casa. Assim, era necessário encontrar estratégias para estes se motivasse e estudassem. Só com ajuda da psicoterapia iriam conseguir ultrapassar esta fase com mais tranquilidade.

Na verdade, durante o acompanhamento psicológico, os dois irmãos aprenderam:

  • Estratégias para organizar o tempo
  • Formas de controlar a perceção de risco de contágio do vírus
  • Técnicas de relaxamento
  • A importância de escrever os seus pensamentos e emoções

Com o tempo, o Luís e a Ana conseguiram estar mais motivados. Além disso, ajudaram os seus pais com pensamentos positivos e alegria e no fundo conseguiram viver mais tranquilamente a situação da pandemia.

Quero lançar-lhe um desafio:

Vamos ajudar a mudar esta realidade? Faça da seguinte forma:

  • Esteja atento aos seus familiares, amigos, colegas de trabalho e se reparar em comportamentos invulgares, oriente-os a profissionais de saúde mental;
  • Se no seu caso, sentir algum problema de saúde mental, esclareça as suas questões contactando um profissional especialista em saúde mental: psicólogo ou psiquiatra.

Em suma, todos podemos sofrer de problemas mentais e são várias as formas de serem tratados. Infelizmente, a saúde mental tem sido estigmatizada, até o ponto de ser um tema tabú. Saber que a psicologia é tão ou mais importante para o seu bem-estar emocional é essencial!  A psicoterapia vai ajudar a apreciar os bons momentos e a ter uma vida mais feliz.

Se sentir necessidade, marque uma consulta comigo. Poderá marcar a sua consulta de psicologia online ou presencialmente na Maia, Porto ou Santa Maria da Feira.

Lembre-se: a saúde mental é tão importante quanto a saúde física!

Referências

  • https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/un_policy_brief-covid_and_mental_health_final.pdf