Depressão: Pedir atenção ou doença mental?
Muito se tem ouvido falar em depressão, especialmente desde que começou a pandemia. Mas será que é apenas uma necessidade de atenção ou estamos a falar de uma doença mental?
É certo que são muitos os efeitos da pandemia, devido à COVID-19, especialmente na saúde mental. Este mês de agosto, por exemplo, foi divulgado um estudo de análise à escala global, que estima que um em cada quatro jovens tem sintomas de depressão elevados e um em cada cinco apresenta sintomas de ansiedade altos devido à pandemia. São, de facto, números preocupantes.
O que é a depressão?
Para perceber estes números, temos de perceber o que é a depressão.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a depressão é uma doença que se caracteriza por humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado pelo próprio indivíduo ou observado por outras pessoas.
Também se caracteriza por outros sintomas como:
- diminuição de interesse nas atividades;
- perda ou ganho significativo de peso;
- insónia (quase todos os dias);
- agitação ou atraso psicomotor (quase todos os dias);
- fadiga (quase todos os dias);
- sentimentos de inutilidade ou culpa (quase todos os dias);
- capacidade diminuída para pensar ou concentrar;
- pensamentos recorrentes de morte. Não só medo de morrer, mas também pode haver ideias suicidas.
Estes sintomas – que duram, pelo menos, duas semanas – causam sofrimento de forma significativa no indivíduo, afetando o funcionamento pessoal, profissional, social, sexual, bem como outras áreas da vida do indivíduo.
É o mesmo que necessidade de atenção?
Já vimos, então, que a depressão é uma doença, que tem vários sintomas. Mas, infelizmente, nem sempre é vista como uma doença. Muitas vezes confunde-se uma pessoa deprimida com uma pessoa que está à procura da atenção dos outros.
Desta forma, a depressão que o indivíduo tem pode passar despercebida, sobretudo quando quem padece é uma pessoa que costumava ser enérgica e emocionalmente estável. Ou seja, ninguém está à espera que uma pessoa com um bom funcionamento psicológico possa ficar com depressão.
Quais as causas?
Uma vez que esta doença mental pode afetar pessoas, de todas as idades e estratos sociais, tem sido feito um grande esforço para estudar e compreender a depressão. E sabe-se que é complexa, tendo diferentes causas, quer genéticas, quer ambientais. Pode manifestar-se ainda de diferentes formas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que a depressão é a principal causa, a nível mundial, de problemas de saúde que resultam em incapacidade. E estima que mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, afetando mais as mulheres do que os homens.
O que fazer?
Já vimos que esta doença mental afeta milhões de pessoas em todo o mundo, por isso resta perguntar: “o que fazer se acha que tem depressão?”
Caso suspeite que sofre – ou uma pessoa próxima – de depressão, deve fazer o seguinte:
• Converse com alguém de confiança. Conversar pode aliviar as suas preocupações, bem como os seus sentimentos.
• Faça exercício físico. Está demonstrado que o exercício físico é um bom aliado para combater a depressão.
• Faça um esforço para manter a higiene pessoal, assim como os hábitos de alimentação.
• Regularize os seus hábitos de sono: deite-se cedo e acorde cedo.
• Assuma responsabilidades, mas apenas as principais tarefas, domésticas e profissionais.
• Permaneça em contacto com os seus familiares e amigos.
• Entre em contacto com o psicólogo clínico, sobretudo se tem ideias suicidas. O acompanhamento psicológico revela-se fundamental para superar a doença.
Se acha que tem, ou algum familiar ou amigo padecem de depressão, converse com a pessoa e motive-a a ir ao psicólogo.
Qual o tratamento da depressão?
A depressão pode ser tratada com terapia farmacológica e psicológica, sendo a terapia cognitiva-comportamental a mais eficaz.
Lembre-se: a depressão não é sinónimo de debilidade ou fragilidade, mas sim uma doença e tem tratamento.
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Bibliografia
- American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed). Arlington, VA: American Psychiatric Association.
- American Psychiatric Association (1994). DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores.
- Organización Mundial de la Salud (17 de janeiro de 2021). Depresión. Recuperado de: https:// www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/depression